André Bertoldi revela a alma do seu álbum de estreia com os singles “Bem Me Quer” e “Doce Desastre”
- Nosso Som

- há 4 dias
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Com o lançamento de “Bem Me Quer”, André Bertoldi não apresenta apenas um novo single — ele entrega um manifesto sonoro que, segundo o próprio artista, aponta a bússola para a direção musical de sua nova fase. Pensada como a peça central de seu primeiro álbum de estúdio, a faixa se destaca pela proposta ousada: transformar o clássico jogo infantil do “bem me quer, mal me quer” em uma reflexão madura, profunda e sensível sobre a incerteza do amor.
O resultado é uma obra de arte pop que combina delicadeza lírica, vulnerabilidade crua e uma produção vigorosa, equilibrando emoção e movimento. Em um tom declaradamente romântico, Bertoldi mergulha na angústia da espera, na dúvida sufocante e no desalinho inevitável do sentir. A letra ecoa o choque entre perda e esperança, transformando o ato de desmontar uma flor em um ritual íntimo de dor: “um sussurro carregado de dor”, como apontam os versos. Em linhas como “te perdi em um tropeço / teu adeus ainda é meu eterno refrão”, o artista entrega o tipo de confissão que humaniza, aproxima e toca — é o afeto em sua forma mais honesta.
A força de “Bem Me Quer” está justamente na tensão entre sua sonoridade melancólica e sua energia pulsante. A faixa evita a armadilha da balada triste e imobilizante: ela faz o ouvinte sentir e seguir, impulsionado por uma produção que transforma a incerteza em movimento. É uma música que convida a dançar através da dúvida — a buscar acalento não só no lamento, mas também no ritmo que empurra para a próxima pétala, para a próxima tentativa.
“Doce Desastre”: o coração conceitual do álbum
Se “Bem Me Quer” abriu as cortinas para o universo sensível de Bertoldi, o lançamento de “Doce Desastre” eleva ainda mais o nível da expectativa. Escolhida como faixa-título do álbum, ela não é apenas um single — é o pilar conceitual que sustenta toda a narrativa do projeto. E a proposta é clara: explorar a química intensa, quase explosiva, entre dois amantes que se desejam profundamente, mas são separados por circunstâncias maiores.
“Doce Desastre” promete uma sonoridade dramática e cinematográfica, com arranjos que traduzem a urgência da paixão e a vulnerabilidade da separação. Crescendos emocionais, beats que oscilam entre euforia e resignação, e uma instrumentação rica ajudam a moldar o cenário perfeito para o conflito central: o amor que se quer, mas não pode ser.
Os vocais — marca registrada de Bertoldi — devem carregar essa dualidade com precisão: a atração inevitável confrontando a barreira intransponível. O resultado é um hino moderno para quem já viveu um romance tão intenso quanto inviável, um “belo erro” impossível de evitar.
Bem Me Quer × Doce Desastre: o mapa emocional do álbum
A comparação entre os dois singles deixa clara a evolução emocional que André Bertoldi propõe em seu álbum de estreia.
“Bem Me Quer” explora a dúvida: ele me quer?
“Doce Desastre” encara a fatalidade: nós nos queremos — mas não pode ser.
Se a primeira faixa usa melancolia energética para provocar reflexão ativa, a segunda mergulha de vez no drama consolidado, onde o conflito já existe e o coração luta para sobreviver dentro dele.
O conjunto das duas músicas forma um retrato sofisticado da complexidade do amor moderno, revelando a maturidade de Bertoldi em transformar sentimentos cotidianos em experiências sonoras profundas. O artista se afirma, assim, como uma das vozes mais sensíveis e tecnicamente habilidosas da nova safra brasileira — um narrador atento das nuances, paradoxos e colisões emocionais que moldam a vida afetiva.
Com “Bem Me Quer” e “Doce Desastre”, André Bertoldi não apenas prepara terreno para seu primeiro álbum: ele anuncia a chegada de um contador de histórias emocionais, pronto para ocupar um espaço definitivo na música brasileira contemporânea.






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