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“CANTO DA SALA” retrata o fim de um relacionamento com lirismo e delicadeza


Algumas canções não chegam com estardalhaço — elas sussurram, se instalam e permanecem. “CANTO DA SALA” é uma dessas obras raras. Resultado da parceria entre Joel Timoner e a consagrada Eugénia Melo e Castro, a faixa é um retrato delicado e profundamente humano do momento em que um relacionamento começa a se desfazer. Não com rupturas violentas, mas com silêncios, ausências sutis e o esvaziamento da presença.


Eugénia, referência na música lusófona e com uma carreira que inclui colaborações com nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento, assina a letra e divide os vocais com Joel. A troca entre os dois é mais que harmônica: é íntima, verdadeira. Seus timbres se entrelaçam com uma honestidade rara, dando corpo à narrativa emocional da canção.


A melodia, composta por Timoner, é de uma precisão sensível. Cada acorde respeita o espaço do outro, cada pausa carrega significado. É música feita com escuta — uma composição que entende que o não dito também é linguagem. O trabalho de Joel é minimalista, mas repleto de intenção, permitindo que a letra respire e que o ouvinte se reconheça nas entrelinhas.


A produção, assinada por Swami Jr, é um dos pontos altos da faixa. Com arranjos para violão, baixo e sazouki, ele constrói uma ambiência suave e acolhedora, onde o silêncio tem tanto protagonismo quanto os instrumentos. O clarinete de Alexandre Ribeiro surge como uma presença fantasmagórica, sutil e carregada de sentimento, como se representasse a lembrança do que já foi.


“CANTO DA SALA” não é uma música que se impõe — é uma música que se revela. Um convite à escuta atenta, à pausa, ao sentir. Não busca impressionar, mas tocar. E toca — com humanidade, com beleza, com profundidade.


Joel Timoner e Eugénia Melo e Castro mostram que, mesmo no fim, há poesia. E que às vezes, o mais poderoso em uma canção é aquilo que ela nos deixa sentir depois que tudo se cala.



 
 
 

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